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Bendita Copa Maldita

O sabor de refrigerante com água benta do sonho do tetra na Itália

Primeiro presidente democraticamente eleito desde 1960, o ex-diretor de futebol do CSA “exigiu”, em março de 1990, a conquista do tetra mundial pela Seleção brasileira na Copa da Itália. “Para dar alegria aos 140 milhões de brasileiros”. A exortação, mais para decreto presidencial, era mesmo abuso de poder e despudor. Também por ser outro Brasil. Não eram mais os “90 milhões em ação” da empolgante canção de Miguel Gustavo para a conquista do tri mundial, no México, em 1970. Eram 50 milhões a mais vestidos de verde e amarelo 20 anos depois.

Fernando Collor de Mello recebeu 35 milhões de votos no segundo turno da eleição de 1989 e assumiu a presidência do Brasil em março de 1990. Logo depois da posse, lançou pelos ares o Plano Collor na economia. Em outros campos, uma invencionice que seria tão desastrada quanto acabaria pagando o pato e o canarinho: o esquema com três zagueiros na Itália. Quando o Brasil teve o pior desempenho em Mundiais, desde 1966 até 2018.

A metáfora parece rasa e rala, como alguns dos discursos empolados do tecnocrata treinador Sebastião Lazaroni, que foi achincalhado antes da Copa, e, sobretudo, depois do gol de Caniggia, na dolorida derrota nas oitavas de final, quando a Seleção fez sua melhor exibição em Turim. Porém, foi derrotada pela canhota pesada de Diego Maradona, que, mesmo com um tornozelo lesionado e inchado como uma bola, fez todo o lance do gol que eliminou o Brasil burocrático e rachado internamente desde a concentração na Granja Comary, em Teresópolis.

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