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Mauro Beting

“É uma horna”, diz Mauro Beting, antes de começar a entrevista. Eu rebato: “É uma honra estar aqui te entrevistando”. Ele empata: “É uma honra estarmos juntos”. Mauro é um “elogista”: ele tem a arte de enaltecer antes de ser enaltecido. Em vez de massagear o ego com elogios, ele distribui carinho e, claramente, sente-se bem vendo que suas palavras causam aquela surpresa em quem as ouve.

Mauro Beting teve berço — e muito. Sem dúvidas isso ajudou muito, mas ele também teve todos os méritos. “O Joelmir era bão. Ele, inclusive, começou dando o golpe do baú. Ele se casou com a filha do diretor da Rádio Nove de Julho. Sou apaixonado por rádio, é o veículo do qual mais gosto. Eu sou filho dessa rádio. Minha mãe era produtora da rádio e filha do diretor. Meu pai era noticiarista e locutor”, resume Beting.

Claro que ser filho de Joelmir Beting trouxe vantagens: “É óbvio que o meu início foi muito mais fácil que o da esmagadora maioria. Entrei no Grupo Bandeirantes como estagiário da chefia de reportagem. Todo mundo já me conhecia como Maurinho, mas quando eu vesti o crachá como estagiário, passei a ser mais um cara como qualquer outro.”

Ser filho de Joelmir traz um peso também. É impossível desviar de comparações tendo um pai com a trajetória que tinha e não só isso: tendo vários jornalistas na família: “Eu sempre fui muito cobrado por isso. Meu pai sempre vai ser muito melhor do que eu. Minha mãe era jornalista. Meu avô, minha tia, meu primo, Erich Beting”. 

Esse berço acabou sendo um caminho natural. “Eu sou palmeirense há 55 anos, o que me tornou jornalista esportivo há 31 anos. O amor pelo Palmeiras me fez amar o futebol, que me fez amar o jornalismo. Sempre me imaginei jornalista. Mas meus professores no colégio Dante Alighieri e minha mãe me desestimulavam. Eu cheguei a fazer Direito de manhã e Jornalismo à noite”. 

“Minha mãe, quando viu que não tinha jeito, me pediu pra pelo menos não ser jornalista esportivo. Nos meus primeiros quatro anos, fiz reportagem de política e economia na Folha da Tarde. Tinha um programa junto com o Kid Vinil, na Rádio 2000 FM, sobre blues e rock alternativo. Eu escrevia sobre música e colaborava eventualmente com a revista Bizz”. Todavia a vida e o amor ao Palmeiras e ao futebol inevitavelmente acabaram levando Mauro Beting para o esporte.

“O único toque que meu pai me deu foi pra eu não trabalhar com esporte, porque eu ia trabalhar todo final de semana, então eu comecei fazendo outras coisas. Mas confesso que no dia do último comício pra eleição do segundo turno de 1989, entre Lula e Collor, que começou na Praça Charles Müller, em frente ao Pacaembu, eu estava no palanque cobrindo como imprensa, do meu lado estava o Eduardo Suplicy, mas ao mesmo tempo eu estava ouvindo o José Silvério na Jovem Pan. Era um Palmeiras e Corinthians que, se o Palmeiras ganhasse, ia pra final contra o Vasco. Eu tava ouvindo o discurso do Lula, fazendo as anotações, e o Suplicy me perguntando como estava o jogo. De repente, eu ouço um grito de gol do José Silvério. Eu estava mais preocupado com o gol, pra saber de quem era, do que com o discurso do Lula, que era o meu trabalho na Folha da Tarde. Quando ouvi que foi gol do Corinthians, desliguei. Tinha sido do Cláudio Adão. Aí eu percebi que gostava muito mais de futebol do que de política. Em 1990, virei colunista da Folha da Tarde só durante a Copa, mas depois o Chico Lang foi pra Gazeta Esportiva e abriu espaço”, contou Mauro sobre os primeiros passos no jornalismo e no esporte.

Joelmir fez Mauro ser jornalista e palmeirense. O berço é de jornalismo e de palestrismo: “O pessoal pergunta se Beting é sobrenome italiano, mas não, é alemão. Meu pai é de uma terra próxima de Ribeirão Preto com muita colonização italiana, então é todo mundo Palestra. E a minha mãe é de família totalmente italiana, a ponto de a minha avó se chamar Itália Roma. Ou seja, tudo palestrino do lado de mãe e de pai. Só que os mais palmeirenses são os alemães. Não tinha como não ser. Meu pai realmente largou o jornalismo esportivo de tão palmeirense que era. Ele me ensinou Palmeiras e me ensinou jornalismo até por osmose. E eu nunca me imaginei fazendo outra coisa. Eu vou me aposentar do jornalismo, mas nunca vou me aposentar do Palmeiras”, finaliza.

O clubismo costuma ser um problema quando um comentarista assume um time. Torcedores ficam de plantão nas redes sociais, especialmente em relação aos conteúdos que recebem via WhatsApp antes ou depois dos jogos, com o objetivo de apontar comentários tendenciosos. Mauro Beting nunca escondeu seu time e normalmente é criticado por torcedores do próprio Palmeiras, que não admitem que ele elogie outro time ou critique o Alviverde: “Eu tenho o direito, como cidadão, de torcer pelo Palmeiras, mas tenho o dever, como jornalista, de não distorcer pelo Palmeiras. E convenhamos: não é difícil. A gente sempre acha que o árbitro torce pelo outro lado. E fico feliz quando vejo colegas mais novos assumindo o próprio time inspirados por mim. Eu tenho mais textos em livros sobre o Corinthians do que em livros sobre o Palmeiras. Em livros oficiais do Flamengo, do Atlético Mineiro… eu sou um apaixonado”.

“Tenho muito problema com a T.I.P., a Torcida Insuportável do Palmeiras, cujos presidentes são a Dona Lucila, minha mãe, e o Mauro Beting palmeirense, que acha o Mauro Beting jornalista metidinho a imparcial, a isento. Cara, eu sou pago pra ser isento. Eu e qualquer jornalista. Eu fico em cima do muro mesmo, pra poder ver os vários lados da questão. E no futebol, eu sempre me assumi palmeirense, mas essa paixão me faz ser muito mais cobrado pelos torcedores do Palmeiras”, conclui sobre a cobrança de vigilantes de paixão e do ofício alheio. 

Perguntado sobre esse tipo de cobrança, ele diz que tem acontecido mais recentemente, que não era assim: “Acho que sim, por causa das redes antissociais. Embora já aconteça há muito tempo… Em 2001, vi uma nota oficial da Mancha Verde me criticando. No início da minha carreira, recebi uma carta na redação da Folha da Tarde que era um papel higiênico usado; essa foi a primeira manifestação de hater que eu recebi. Eu sou muito mais criticado por palmeirenses. Quando eu vou ao estádio do Corinthians, me falam que eu dou mais autógrafos e tiro mais fotos ali do que o Craque Neto, e isso incomoda muito mais o palmeirense. Me chamam de Mauro Gambeting.”

O pai dele tem uma frase que virou um mantra entre palestrinos: “Explicar a emoção de ser palmeirense para quem é palmeirense é desnecessário, e para quem não é, é impossível”. Mauro explica com maestria a origem e o uso da afirmação: “Eu falo que essa frase pode ser usada para qualquer clube, aí a torcida do Palmeiras fica mais puta comigo, diz que meu pai vai se revirar no túmulo, mas eu respondo que não, porque ele foi cremado! Me irritam os sofômanos, e existem muitos neste país, que são os caras que se acham uns gênios, mas na verdade são uns ignorantes. Então o palmeirense se irrita quando falo isso sobre a frase do meu pai, que adaptou uma frase de São Tomás de Aquino sobre explicar a existência de Deus. A emoção de torcer pra um time é a mesma coisa. Eu não tenho problema nenhum em assumir o que eu acho interessante no Corinthians, e faço também as minhas críticas.”

Um dos aspectos abordados na conversa foi a dinâmica do mercado de comunicação, que hoje é pautado pelas redes sociais: “Hoje a gente vive a ditadura da contundência, como bem definiu Gian Oddi. Hoje é tudo pelo clique. E acho que o mundo está uma merda porque a gente leva essa paixão pra onde não deve, como na questão político-partidária. Eu tenho os meus candidatos e sempre abro o jogo a respeito deles, mas eu não os defendo como defendia o Darinta, que é talvez um dos piores jogadores do Palmeiras [jogou no Alviverde entre 1981 e 82]. Ele era do Palmeiras. Eu defendia por causa disso, mas eu não vou eleger um Darinta. Como cidadão, a gente não precisa fazer autocrítica da nossa paixão, mas como eleitor, acho que a gente tem que fazer. E infelizmente muita gente levou o Fla-Flu, que era o clássico mais charmoso do país, pra esse duelo político-partidário que temos visto.”

O peso de ser filho de Joelmir Beting também existia e continua existindo: “Tem coisas que me tiram do sério. Quando dizem que eu só faço o que eu faço porque sou filho do homem, por exemplo. Já faz nove anos que meu pai morreu e, até onde eu sei, ele não assombrou ninguém pra me contratarem no SBT, na TNT, na Jovem Pan. Eu acho que alguma coisa eu tenho e que me esforço pra isso. Eu fico puto quando dizem que é só por causa do meu pai. Tem o peso a favor por causa do sobrenome, mas tem uma puta pressão a partir disso… e não é um escritório de advocacia, uma indústria, uma empresa que você vai lá e vai ter um lugar pra você sentar. Eu assumo os meus BOs! Aliás, eu e meu pai sempre tentamos, inclusive, manter certa distância. A gente só foi trabalhar junto depois de dezessete anos, quando a BandSports nos deu o programa “Beting & Beting” pra gente resenhar, que encerramos até por uma questão de família. Meu pai já estava começando a ficar mais debilitado fisicamente, então largamos até pra gente poder curtir os netos dele, que são os meus filhos. Eu agradeço eternamente à BandSports, que agora está completando 20 anos. Antes, eu só tinha coberto o meu pai na CBN pra falar sobre economia, que é uma coisa que eu detesto. Dei uma enrolada e tal. Eu acho que [ser filho de Joelmir] sempre foi mais complexo do que tenha ajudado em si. Nunca vou dizer que prejudicou, porque meu pai sempre foi muito respeitado, muito querido pelos colegas e pelo público. Foi um cara brilhante. Eu cheguei a pensar em assinar com o sobrenome da minha mãe, que é o Zioni, mas me senti preparado pra honrar o nome do meu pai, porém jamais pra superá-lo. Eu fico muito feliz que me comparem ao meu pai, mas eu fico um pouco incomodado quando eu publico algum texto e tem alguma ideia que eu sei que seria diferente se viesse do meu pai, então as pessoas vêm falar do DNA dele. Aí penso: qual é o nome do pai do Juca Kfouri? Qual é o nome do pai do Mauro Cezar, do PVC, do Rafa Oliveira? Quando eu sou contratado por alguma empresa, não é meu pai, que já morreu, que me indica. Eu entendo o carinho pelo meu pai, respeito sempre, mas sou eu que estou assumindo o BO”.

A questão familiar é algo que preocupa Mauro. Ele busca refletir sobre essa relação que teve com o seu pai e sobre como lida com os filhos: “O meu caçula está fazendo jornalismo, o outro está fazendo cinema; bem ou mal, já lancei quatro documentários… Aliás, eu não me acho o melhor no que eu faço. Eu me acho o mais versátil do jornalismo esportivo, aí eu falo mesmo. Não tem quem faça tanta coisa como eu. Atiro pra tudo quanto é lado, não necessariamente bem. Me sinto meio pato. É aquela coisa: o pato voa, o pato nada e o pato anda, mas faz as três meio ruim. Eu sou assim, eu faço tudo. Então, assim, eu entendo de futebol. Um caso parecido é com o Ademir da Guia. Pro Ademir jogar o que jogou, sendo filho de Domingos da Guia, um dos maiores zagueiros do futebol mundial, é uma pressão muito gigante. E se você me perguntar o meu maior feito como jornalista, foi algo que eu não queria ter feito, que foi dar a notícia de que meu pai tinha morrido em primeira mão. Eu não queria dar… Uma coisa maluca foi que eu tive a coragem de falar ao vivo que ele tinha morrido, mas não tive coragem de falar pros netos dele, pros meus filhos. Eles souberam pela rádio.”

Mauro Beting se notabiliza por fazer muita coisa. Escrever livros e assinar prefácios, comentar jogos no rádio e na TV… E essa sua relação com o trabalho já o prejudicou com a família: “Eu tive algumas questões familiares por trabalhar muito, mas eu quero sempre deixar claro que eu não sou um workaholic. Eu sou um worklover. Eu amo o meu trabalho, até porque os caras me pagam pra ver futebol! Estou indo pra Paris fazer a final da Champions com tudo pago pra falar bobagem, escrever um monte de merda [risos]. Eu cobro dos meus patrões um salário pra ir pro Uruguai ver o Palmeiras ser campeão em cima do Flamengo e, dez meses antes, contra o Santos no Maracanã! Vi muito rebaixamento? Vi, foda-se! Mas vi o São Paulo ser campeão do mundo, vi o Corinthians também. O futebol me fez ser amigo do Ademir da Guia, dos dois Dudu, ser amigo e trabalhar com o Zico, escrever o livro do Marcos… Como que vou reclamar de alguma coisa?”.

Em relação ao jornalismo esportivo, especialmente sobre o que vem acontecendo nas últimas duas décadas, com a popularização da internet, Mauro se mostrou pouco preocupado com o futuro: “Apesar de jornalista e palmeirense, eu sou otimista. A gente está num processo de que, como quase em qualquer revolução ou evolução, a gente não sabe exatamente como começa e não tem a menor ideia de como vai acabar… Mas a gente está nesse processo. Eu venho conversando com vários players sobre coisas que eu nunca imaginava fazer. A gente vai se reinventando, mas, no fundo, o conteúdo é o mesmo. Eu faço um jogo de Champions na TV aberta, na terça-feira, pelo SBT; na quarta, eu faço outro jogo da Champions, mas pela TNT Sports. Eu acho um absurdo esse papo de uma linguagem pra TV aberta e outra pra TV fechada. Que puta prepotência, arrogância e jactância a nossa. Quer dizer, você é professor de Deus na TV fechada e na TV aberta você pode falar merda? Qual é a diferença? É a mesma coisa. O que me incomoda é a questão do texto. Hoje, um tuíte com 280 toques, que já dobrou, pois eram 140, virou textão. Aí respondem que quando virar filme, vão assistir. Mas eu acho que ainda tem espaço pra tudo. Faça o seu público.”

Ele continua: “No futebol tem uma coisa diferente, porém… Citando meu pai, que falava de economia, [ele dizia que] ninguém parava ele na rua pra criticar algo que ele falou sobre o petróleo, por exemplo. Agora, se eu falar algo sobre o lateral-esquerdo do Olaria, me param na rua pra dar aula. Uma coisa que eu amo odiar da gente [jornalistas] é estar lá criticando um treinador, por exemplo; está na moda criticar técnicos estrangeiros, aí vem um treinador e dá uma carcada na gente. Nós começamos a dizer que onde já se viu esse treinador querer me ensinar a fazer jornalismo, a fazer pergunta…? Caralho, velho! A gente quer ensinar treino, planejamento, jogada ensaiada, escalação inicial, mudança, reclama que não pode mudar, mesmo nesse calendário intenso, insano e absurdo, mas o cara não pode falar minimamente de jornalismo e de comunicação?”.

“Ficar em cima do muro é buscar a melhor versão possível dos fatos. Jornalista tem que buscar essa coisa. Não é compromisso com a verdade, pois cada um tem a sua verdade. Tem que tentar entender os vários lados da questão”, diz Mauro sobre o papel imparcial do jornalista.

A respeito de humor no jornalismo, Mauro comenta: “Eu me considero um cara super bem-humorado, mas não sou humorista. É diferente. Por exemplo, o Luís Fernando Veríssimo, que pra mim é um gênio, se escrever uma bula de remédio, você vai chorar de rir. Só que ele, pessoalmente, é mal-humorado, é tímido, é um saco. Qualquer humorista da pior qualidade é mais engraçado que o Veríssimo pessoalmente, que é um cara brilhante. Mas tem caras que são completos, como Adnet, Duvivier e Porchat, que parece uma linha de ataque da Bélgica, mas é uma linha maravilhosa do humor brasileiro. Eu acho que você pode fazer as coisas serem mais leves. Mas se a gente conseguir equilibrar, melhor. Eu sou contra o ‘último terço’, por exemplo. Não é melhor falar ‘defesa, meio e ataque’? Alguns tatiquês não são legais. Como não é legal o juridiquês, o jornalistês, o futebolês… Eu já falei ‘entrar em facão’, mas o que é isso? Eu tenho evitado. É o oposto do tatiquês, que é o futebolês.”

Mauro é conhecido pelo seu texto. Alguns o consideram o último grande cronista em atividade. Como fazer pra que sobrevivam bons textos no mercado da indignação? Mauro Beting, que já ganhou muitos prêmios, tenta ser otimista: “A crônica ainda consegue existir porque tem pessoas que lêem. Ainda tem espaço pra textos grandes. Talvez menos, mas ainda tem. Estar num texto escrito me emociona mais do que aparecer num documentário.”

Sobre o Palmeiras, Mauro reflete sobre o passado e o presente do clube: “Eu morro de saudade de tudo. Mas não sou saudosista. Eu trabalho com História, cinema, documentário, exposição. Pra mim não teve nada no mundo que jogasse mais do que o Messi. Maradona jogou mais bola. Mas Messi é mais jogador de futebol — e Pelé é de outro planeta. Mas admito que pode surgir alguém que faça mais do que o Pelé, ainda que eu ache muito difícil. Só na música que acho difícil dizer que não era melhor antes. Esse Palmeiras de 2020/21 é um dos maiores, porém o time de 1999 enfrentou Corinthians, Cerro Porteño, Olimpia, Vasco, Corinthians, de novo, River Plate, que era melhor ou tão bom quanto o de 2020, e Deportivo Cali. Uma das mais difíceis Libertadores. Mas o que o Abel fez: foi campeão da América, da Copa do Brasil e ganhou de novo a Libertadores, e contra um time melhor, que era o Flamengo. Isso é algo espetacular. Pra mim, o Abel, na história do Palmeiras, perde pra Felipão, Luxemburgo e Brandão. Pode até ultrapassar o Brandão. O time de 1999 era melhor do que o de 2020/21, embora este tenha jogadores já históricos, como Weverton, que está entre os cinco melhores goleiros do Palmeiras. Marcos Rocha é um dos cinco melhores laterais da história do clube. O Danilo poderá ser do nível do Dudu Olegário ou do César Sampaio. O (Raphael) Veiga não é do nível do Alex, mas já está entre os maiores armadores da história. O Dudu só perde na camisa 7 pra Julinho Botelho e pro Edmundo.”

A capacidade de separar o clubismo da análise dos fatos que Mauro Beting tem confunde a cabeça de quem é torcedor, especialmente a de um palmeirense. Apesar de enaltecer a grandeza dos feitos palestrinos, como acabara de fazer, Mauro então comentou sobre os melhores times que viu na vida: “O melhor time que eu vi jogar na minha vida foi o Flamengo de 1981/82, que, aliás, é tema de um dos livros que escrevi junto com o André Rocha. O maior time que eu vi neste século XXI, no Brasil e na América do Sul, foi o Flamengo de 2019. Aquele Flamengo era impressionante. Foi o melhor futebol que eu vi neste século. Mas o time de 1981 era melhor… Se fizer uma seleção, ficaria assim: Raul; Leandro, Rodrigo Caio, Mozer e Júnior. Andrade, Adílio e Tita; Zico, Arrascaeta e Gabigol, no lugar do Nunes, sendo que o Bruno Henrique foi o melhor jogador do time de 2019! Agora, o Liverpool de 2019 era muito melhor do que o de 1981. Mas muito melhor! Só que aquele Flamengo, em 21 dias, ganhou Libertadores, Carioca e Mundial. É o maior time que eu vi na vida. De 1972 pra cá, nenhum time foi tão bom como aquele treinado pelo Carpegiani.”

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Jornalista, publicitário e fotógrafo. Estudou comunicação social na Universidad Nacional de La Plata. Para Martinho, não existe golaço de falta (nem aquele do Roberto Carlos em 1997 contra a França ou de Petković em 2001 contra o Vasco). Aos 11 anos, deixou o cabelo crescer por causa do Maldini. Boicota o acordo ortográfico.