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Ricardo Rocha

Xerife. Apelido que marcou. Seu bigode dos tempos de jogador já não existe mais, e ele explica o porquê. O estilo tradicional do zagueiro ganhou novas tendências. Óculos hipsters, calças e camisas justas. Ricardo — que não era Rocha ainda — ganhou o sobrenome como complemento quando passou a dividir a zaga da seleção com o outro Ricardo, que não era o Gomes até então. Fez parte da geração massacrada, como ele mesmo disse, “que sofreu muito mais do que a geração do 7 a 1”. Foi um dos que compuseram a Era Dunga dos anos 90. Não era o capitão em 1994, aliás, era o Raí, mas após o camisa 10 ser barrado durante aquela Copa, e Ricardo Rocha sair lesionado no primeiro jogo contra a Rússia, Dunga acabou recebendo a braçadeira e levantou a taça que não era do Brasil há 24 anos. Essa história todo mundo sabe, são as credenciais de Ricardo Rocha. Um cara que saiu do Santo Amaro muito jovem, foi para o Santa Cruz, de onde migrou para o sudeste, precisamente para o Guarani. Dali em diante, teve uma carreira expressiva, passando por vários times tradicionais do Brasil como Sao Paulo e Vasco, e do exterior, como o Real Madrid, Sporting e Newell’s Old Boys.

O almoço estava marcado num restaurante de comida nordestina, especializado em camarão. Chegou muito simpático, cumprimentou, olhava o celular a cada segundo, sentou. “Tudo bem?” Interagiu. Enquanto a entrevista era preparada, o freqüentador do Camarada Camarão já sabia o que pedir. Acompanhado de sua filha, foram direto no camarão crocante com risoto. Pedido feito e o papo já fluía pra lá e pra cá. Ricardo fala fácil, nada ‘complicado’, sujeito simples. Perguntado sobre preconceito — afinal, um nordestino que veio pro sudeste tentar a vida é uma história que se repete todo dia, há décadas —, Ricardo disse que na sua época existia muito mais: “Já havia muitos jogadores do nordeste vindo pra cá, mas você quer ver uma coisa? Jogador ser convocado pra seleção de base era muito raro. Mudou muito. A gente não tinha tanta chance de ser sequer convocado. Jogador do nordeste ser convocado era quando estava no sul. Mas sair do nordeste direto pra seleção era muito difícil. Era um preconceito, mas era tudo muito distante.”

O Xerifão lembrou-se de uma citação do presidente do Guarani de sua época: “Você é o último jogador [nordestino] que estou trazendo. Aqui normalmente os caras vêm, falam que está muito frio, não aguëntam, querem voltar”, falando da pressão que sofria porque não havia muita margem pra erro.

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Jornalista, publicitário e fotógrafo. Estudou comunicação social na Universidad Nacional de La Plata. Para Martinho, não existe golaço de falta (nem aquele do Roberto Carlos em 1997 contra a França ou de Petković em 2001 contra o Vasco). Aos 11 anos, deixou o cabelo crescer por causa do Maldini. Boicota o acordo ortográfico.

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