Quem não se lembra de ter vivido as dores da maior derrota de todos os tempos, aquela experimentada no Mineirão, na semifinal da Copa de 2014 entre o Brasil e a Alemanha? Dez anos se passaram desde o famigerado 7 a 1, episódio fatídico que marcou definitivamente a relação entre os brasileiros e sua seleção de futebol.
Vergonha, vexame, humilhação eram palavras que estavam por toda a parte e ainda hoje ecoam em nossa memória.
Embora a imprensa nacional revisite os detalhes daquele jogo a cada aniversário da derrota, é preciso ir além do 7 a 1 para entender que as derrotas para nós começaram um ano antes, em disputas extracampo que já ensaiavam o sequestro da camisa canarinho, enquanto entoávamos em coro o “Não vai ter Copa”.
A contextualização que o pesquisador Marcelo Resende oferece nesta obra prepara o leitor para a análise que ele empreende como fundamentação documental: a observação das narrativas jornalísticas de dois dos principais jornais do país — O Globo e Folha de S. Paulo — sobre a Copa de 2014 e o 7 a 1.
Sob seu olhar atento, as imagens, títulos e textos das matérias de primeira página apontam para uma construção do desencanto que hoje testemunhamos.
Assim, neste livro o autor constrói um documento histórico sobre o qual o futuro se debruçará para entender o entrelaçamento da sociedade brasileira com futebol desde o início do século XX até o 7 a 1. Tal percurso permite também ao leitor tomar o futebol como caminho para entender as mudanças sociais aqui vividas. E permite ainda acompanhar os recentes (des)caminhos d’A Pátria de Chuteiras, expressão com a qual o cronista e o comentarista esportivo Nelson Rodrigues tão genialmente um dia definiu o Brasil
— Patrícia Miranda, Professora de Jornalismo da Faculdade de Comunicação da UERJ
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