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O denominador comum

Quando o Borussia Dortmund venceu a Champions League de 1997, o seu treinador era Ottmar Hitzfeld. Quatro anos depois, o Bayern de Munique quebrou uma longa espera de mais de vinte anos na mesma competição. E o seu líder era o mesmo Ottmar Hitzfeld. Denominador comum da época dourada dos dois finalistas da primeira final integralmente alemã da Champions League em 2013, Hitzfeld foi o homem que estabeleceu a ponte entre o passado e o futuro do futebol germânico.

O herói alemão

Não é casualidade. Até 2020, apenas cinco técnicos conseguiram vencer a máxima competição de clubes com dois clubes diferentes. Mas só um repetiu o êxito com emblemas do mesmo país. Uma realidade que, muito provavelmente, só poderia suceder no futebol alemão. Um futebol onde todos os clubes sabem que, cedo ou tarde, os seus melhores jogadores, técnicos e dirigentes acabarão por trabalhar no Bayern de Munique. Com Hitzfeld sucedeu precisamente isso. Ele foi o Jürgen Klopp dos anos 1990. Transformou por completo a vida de um grande clube do Ruhr que tinha perdido o seu lugar na elite do futebol alemão. Foi com uma equipe jovem, repleta de jogadores desconhecidos e subvalorizados. E, sobretudo, um time com uma profunda vocação ofensiva. O seu Borussia Dortmund demorou seis anos para se consagrar como senhor do futebol europeu. Foi um longo processo, cheio de sobressaltos. Numa etapa crucial para o futuro do futebol germânico, o Borussia representou a alternativa. A prova de que era possível existir para além da sombra do onipresente FC Bayern. Em 1983, o Hamburgo tinha demonstrado precisamente isso. Mas o reinado durou pouco tempo.

O gigante bávaro decidiu seguir o atalho do caminho do Dortmund para o sucesso e seduziu o técnico de 48 anos. Atrás dele, o projeto do Dortmund começou a se desmoronar. Cinco anos depois, a falência colocou em risco a própria identidade do oeste alemão. Em Munique, Hitzfeld foi o primeiro a interceder pelo seu antigo clube com Uli Hoeness, o polêmico diretor geral do clube. O Bayern emprestou dinheiro ao Dortmund para evitar o seu desaparecimento. Esse gesto, tão antinatural para os que têm o clube de Munique como o monstro maldito do futebol alemão, não foi inocente. Os bávaros sabiam que deviam muito aos homens de amarelo. A começar pelo seu treinador, o homem que acabou com vinte e cinco anos de espera pelo quarto título europeu.

O renascimento do Borussia Dortmund

Ottmar Hitzfeld representa um parênteses na história do futebol alemão. Em 1990, o país que se reunificava conquistou o seu terceiro Mundial. Foi a consagração de uma geração de trabalhadores e operários, mas para a qual a magia do futebol ofensivo da década de setenta não cabia. Nos oito anos seguintes, os alemães ainda venceram uma Euro em 1996, perderam outra na final em 1992, mas, nos Mundiais dos Estados Unidos e da França, foram copiosamente derrotados nas quartas de final por rivais do leste da Europa: Romênia e Croácia. O modelo já não funcionava.

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Jornalista e escritor. Autor dos livros “Noites Europeias”, “Sonhos Dourados” e “Toni Kroos: El Maestro Invisible”, “Sueños de la Euro” e “Johan: a anatomia de um gênio” Futebol e Política têm tudo a ver, basta conectar os pontos. O coração de menino ficou no minuto 93 da final de Barcelona. Estudou comunicação na Universidade do Porto.