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O Zé da Tijuca

Após a ingestão de quantidades ideais de cerveja durante o papo com Dudu Monsanto, aproxima-se o homem. Vestindo uma camisa roxa dos X-Games da ESPN, ele se senta à mesa e até aceita um copo, mas diz que não vai beber muito. Parece bem humorado aquele senhor de minguantes cãs, sempre bagunçadas e quase tão rebeldes quanto ele próprio. José Trajano é um sujeito que jamais se incomodou em falar exatamente o que pensa em pleno ar. Ao menos para quem assiste o Linha de Passe, essa é a impressão que acaba se confirmando sem reservas após um encontro pessoal com o pai da ESPN Brasil.

Diante de alguém que provou ser possível fazer um jornalismo diferente, era inevitável começar a duvidar da boa orientação das perguntas escolhidas. A esse momento, somavam-se mãos transpiradas acompanhadas de uma estranha interferência na percepção entre realidade e fantasia. Aquela sensação de ver alguém da TV e achar que ele deveria conhecê-lo tão bem quanto você acha que o conhece. Monsanto ainda estava presente e involuntariamente deu início à entrevista: “Vai lá, pergunta aí!” já não havia mais como se esquivar.

Zé, – como diria Juca Kfouri –, como é trabalhar num veículo, digamos, de esquerda?

Já foi mais, né? Já foi mais. Mas a ESPN Brasil não caiu aqui de paraquedas. Ela é o produto de uma soma de coisas que desaguaram nela. A minha experiência na Folha, por exemplo: eu acho muito mais politizada que na ESPN. Eu fui editor da Folha de S.Paulo três vezes. Mas não era essa Folha de hoje. Era uma Folha da época em que ela também se movimentou muito. Vocês já viram Democracia em preto e branco*, o filme? Mais ou menos naquela época que eu era editor da Folha.

O que eu levei pra Folha começou no Correio da Manhã, em 1969. O editor era o João Máximo, eu fui como sub. Esse grupo era do Jornal do Brasil. Nós saímos de lá em bloco e fomos para o Correio da Manhã em 1969. Olha que ano perigoso!

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Jornalista, publicitário e fotógrafo. Estudou comunicação social na Universidad Nacional de La Plata. Para Martinho, não existe golaço de falta (nem aquele do Roberto Carlos em 1997 contra a França ou de Petković em 2001 contra o Vasco). Aos 11 anos, deixou o cabelo crescer por causa do Maldini. Boicota o acordo ortográfico.

1 Comment

  1. julianoortiz

    julho 29, 2021

    Que delícia de texto, meu Deus. Que entidade é o José Trajano! Que bom poder respirar um ar carregado de oxigênio puro. De puro amor pelo futebol. De um futebol que, mesmo com dificuldades e sufocados pela gourmetização, ainda respira.

    Sigamos! o/

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