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A camisa 12 era o desejo por um motivo: o número usado Marco Van Basten na Eurocopa de 1988, lenda holandesa e ídolo de Ajax e Milan, inclusive de Thierry Daniel Henry, atacante francês revelado pelo Monaco e com passagem pela Juventus. Ele fez tal pedido quando se transferiu da Velha Senhora para o Arsenal, em 1999. Infelizmente, Christopher Wreh já era o dono do número, o que abriu espaço para a história ser feita com a 14. Com ela, virou o maior jogador da história do clube e também artilheiro, com 228 gols, transformando-se em lenda dos Gunners e sendo alçado ao patamar de gigantes como o “Mr. Arsenal”, apelido pelo qual é carinhosamente conhecido Tony Adams, o “homem de um clube só”.
Artilheiro francês da Copa do Mundo de 1998, com três gols, Henry não costumava falhar dentro ou fora de campo. Em Highbury, no empate em 1 a 1 contra o Panathinaikos pela Champions League de 2004, o francês marcou o gol, mas não comemorou, somente encarou os torcedores atenienses por alguns segundos. A atitude foi uma resposta aos gregos, que o insultavam imitando o som de macacos. Algo similar ocorreu na partida entre Arsenal e PSV Eindhoven, em setembro de 2002, na qual o atacante do clube inglês, autor de dois dos quatro gols do duelo, foi alvo de preconceito pela torcida holandesa, que atirou objetos e entoou frases racistas nas vezes em que ele pegava a bola para cobrar escanteio.
O episódio de maior repercussão – para não citar as várias situações ocorridas na seleção francesa, promovidas pela própria torcida, por líderes políticos e por intelectuais —, foi em 2004, quando o então técnico da seleção espanhola, Luis Aragonés, deu uma declaração racista contra Henry. O espanhol falou ao atacante José Antonio Reyes, companheiro do francês no Arsenal, que alguns jogadores têm que ver as coisas de maneira mais clara e mandou que dissesse “para aquele negro de merda que você [Reyes] é melhor que ele [Henry]. Diga isso a ele por mim. Você é melhor”. O jornal inglês “The Telegraph” noticiou o fato na época. Quando questionado, o treinador respondeu não ser racista, que tudo não tinha passado de uma brincadeira, já que estava somente tentando preparar o seu jogador psicologicamente. Reyes também alegou que tudo não passara de um momento de descontração durante um dia pesado de treino. Aragonés foi multado em três mil euros.
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