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A equipe de um homem só

O papo com Trajano em São Paulo abriu o caminho para chegar até João Castelo-Branco, correspondente da ESPN Brasil em Londres. O contato foi feito na hora e, dias depois, a capital inglesa era o destino.

O encontro aconteceu na estação Highbury and Islington, da linha Victoria do metrô de Londres. As distâncias e baldeações sempre confundem o timing de quem não é da cidade. Por conta da integração entre as linhas, tudo parece simples. Mas tarda ao menos uma hora a mais que o tempo inicialmente planejado.

O metrô chegou a seu destino exatamente uma hora depois do combinado. O caminho das escadas rolantes foi percorrido com resignação: “Lá se vai a entrevista.” Na saída da estação, porém, a silhueta de um homem vestindo um sobretudo preto passa a ganhar contornos mais claros com a aproximação.

Com o celular na mão, João Castelo-Branco parecia digitar algo e, quando ouviu seu próprio nome, abriu um sorriso meio sem jeito e disse: “Estava escrevendo justamente pra dizer que ia atrasar.” A entrevista estava de pé.

O frio era intenso e a opção mais conveniente era um chá no The Famous Cock, um pub localizado ao lado do ponto de encontro. As amenidades e observações sobre os serviços de metrô são interrompidas pela chegada do chá. Após o primeiro trago na bebida, a conversa é iniciada.

João, como correspondente de um canal brasileiro em Londres, qual é sensação de ser uma equipe de um homem só?

Bom, tem muitas vantagens e também muitas dificuldades. O escritório é em casa. Eu filmo, escrevo e edito meu material. Claro que tem uma retaguarda no Brasil, mas em Londres não tem mais ninguém. Mas eu fui criando um método de trabalhar sozinho e se eu tivesse um cinegrafista agora sentiria até dificuldade… Não no convívio, eu gosto de estar com outras pessoas. Mas estou acostumado a fazer sozinho. Posso fazer a captação de imagens já pensando no produto final, por exemplo. Geralmente, um repórter teria que voltar para a TV, decupar tudo, assistir às imagens. Na hora de editar a matéria, eu já sei exatamente o que gravei. Então essa é a facilidade. Você não depende de ninguém, você é a equipe. Mas ao mesmo tempo é cansativo às vezes produzir sozinho, ter que carregar todo o equipamento, não ter alguém para segurar o tripé, o guarda-chuva – ainda mais aqui no inverno. É um pouco solitário também viajar e trabalhar sempre sozinho. Não ter com quem dividir as angústias, os problemas, trocar uma ideia, ter um conselho ou então comemorar uma coisa legal que você fez. Mas no geral eu gosto, estou acostumado. Tenho muita independência. Não estou reclamando, eu sei que é um trabalho que muita gente gostaria de ter. Tenho que ficar esperto! [risos].

Foi uma questão de necessidade ou tem mais a ver com sua personalidade de querer fazer tudo por conta própria?

Foi meio gradual. Eu não planejei muito. Na verdade, quando eu comecei a trabalhar, eu gostava muito de fotografia, de filmar.

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Jornalista, publicitário e fotógrafo. Estudou comunicação social na Universidad Nacional de La Plata. Para Martinho, não existe golaço de falta (nem aquele do Roberto Carlos em 1997 contra a França ou de Petković em 2001 contra o Vasco). Aos 11 anos, deixou o cabelo crescer por causa do Maldini. Boicota o acordo ortográfico.