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O magiar que caminhou só

Quando uma geração dourada chega ao fim, fica sempre a sensação de um imenso vazio. É nesse contexto que aparece, quase sempre, uma figura redentora que nos permite ter esperança. Cristiano Ronaldo e Flórián Albert têm muito pouco em comum fora a origem humilde e o papel histórico. Ambos chegaram depois de uma saga de mitos. E ambos impuseram seu talento individual sobre o peso da história. O caso do húngaro é, talvez, ainda mais paradigmático. Sozinho, liderou o futebol de seu país por uma década histórica. 

O adolescente que cresceu com a sombra dos magiares mágicos

Em 1952, quando o jovem Flórián chegou à escola de formação do Ferencváros, o histórico clube de Budapeste estava longe de viver seus dias dourados. O “Fradi” sofria com o peso tremendo de seu novo e triunfante vizinho, o Honvéd, antigo Kypest. Na equipe do subúrbio da capital húngara desfilavam gênios como Ferenc Puskás, Sándor Kocsis, Zoltán Czibor, Paletas ou Gyula Grosics. Aos 11 anos, Albert se encantava quando ouvia no rádio os relatos desses magiares mágicos, de seus triunfos contra os orgulhosos ingleses. Durante a adolescência, ele pensava que o tempo tinha sido injusto, pois, quando chegasse sua vez de competir com os adultos, seus ídolos já estariam em iminência de pendurar as chuteiras. 

Albert chorou. Chorou com a derrota de Berna, chorou com os tanques soviéticos entrando em Budapeste e chorou quando a maioria dos jogadores mais talentosos do país conseguiram driblar a cortina de ferro e se refugiar na Itália e Espanha. Sentia-se, assim, sozinho perante um futuro incerto. 

Em 1959, com apenas 18 anos, Flórián estreou com a camisa histórica da Hungria num jogo contra a Suécia. Kubala, Puskás, Hidegkuti, Czibor e Kocsis deveriam estar lá, a seu lado, como guardas de honra. Mas não estavam. Seu caminho teria de ser traçado por ele próprio.

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Jornalista e escritor. Autor dos livros “NOITE EUROPÉIAS”, “SONHOS DOURADOS”, “SUEÑOS DE LA EURO” e “JOHA: A ANATOMIA DE UM GÊNIO”.Futebol e Política têm tudo a ver, basta conectar os pontos.O coração de menino ficou no minuto 93 da final de Barcelona.Estudou comunicação na Universidade do Porto e morou mais de uma década em Madri.