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Washington Olivetto

O mais icônico publicitário do Brasil e o futebol

Trajando preto da cabeça aos pés, surge Washington Olivetto em um dos corredores da Livraria Cultura do Shopping Iguatemi, em São Paulo — onde, curiosamente, há uma espécie de arquibancada, localizada no terceiro andar da loja. No figurino do maior publicitário brasileiro predominava a cor do segundo uniforme do seu time de coração, o Corinthians. Apenas dois itens destoavam: as meias vermelhas e um par de tênis pretos com uma espécie de emoji na “língua”. Nada de anormal para um seguidor do poeta russo Vladimir Maiakóvski, para quem só há revolução política quando há revolução estética. Esta é, provavelmente, a única entrevista relacionada a futebol, das dezenas que deu nos últimos dias. Morando na Inglaterra, onde, aliás, nasceu o esporte bretão, ele veio ao Brasil especialmente para promover o livro “Direto de Washington”, que afirma ser sua “primeira e penúltima biografia”. Em meio a inúmeras solicitações dos mais variados veículos de imprensa, foi necessário montar um verdadeiro esquema tático para encontrar um espaço disponível na agenda do publicitário. O tema da pauta ajudou: Democracia Corinthiana.

Washington Olivetto não apenas batizou o movimento, como foi a cabeça criativa por trás das ações midiáticas que ajudaram a direcionar os holofotes para o maior fenômeno político do futebol brasileiro. Embora emergido de um impensável grupo de jogadores politizados e dirigentes alinhados a ideais democráticos em plena Ditadura Militar, o movimento tem uma face que foi estrategicamente forjada por uma estruturada campanha publicitária. Não por acaso, os jogadores alvinegros entravam em campo com a famosa faixa com os dizeres: “Ganhar ou perder, mas sempre com democracia”. Também não foi meramente pontual a sacada de estampar a frase “Dia 15 vote” nas camisas do clube, engrossando o coro pela participação popular na primeira eleição direta para o governo estadual em 17 anos. Corinthiano Apostólico Romano, como costuma dizer, e com uma cabeça privilegiada para revisitar sua memória afetiva, Olivetto revela neste papo detalhes de quem vivenciou intensamente a Democracia Corinthiana. Mais do que o VP de marketing do clube — cargo que provavelmente não existia em nenhuma outra entidade esportiva brasileira da época —, ele foi parte integrante da fisiologia do movimento. Com uma paciência incomum para entrevistados de seu peso e o olho-no-olho de quem se acostumou a convencer clientes e pessoas de todo o tipo com suas idéias geniais, argumentos consistentes, retórica impecável e frases de efeito, ele transita por temas que vão desde as diferenças entre Sócrates e Casagrande até uma comparação entre os cenários políticos de ontem e hoje, entre tantos outros assuntos dignos da trajetória de uma figura que já faz parte da cultura popular brasileira.

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