Carrinho de compras

Nenhum produto no carrinho.

Editorial

Cem páginas sem anúncios. Essa é a proposta da Corner. Mas então quem vai manter a revista? Perguntaria qualquer um. A resposta é simples: os leitores, ora. Investir no impresso no Brasil realmente é muito complicado. Além do alto preço da impressão, existem players ocultos que desestimulam totalmente qualquer iniciativa. Ainda mais uma revista independente como é a Corner.

Imagine uma empresa de distribuição de revistas do país, que detém um monopólio dentro das grandes livrarias, que pedisse 60% — inegociáveis — do valor de capa, mais um valor mínimo de vendas, uns R$ 20mil, e caso essa meta não fosse atingida, cobrasse a diferença como multa. E, dentro dessa hipótese, mesmo aceitando essas condições, essa empresa dissesse que não pretende distribuir a sua publicação, pois revista “de futebol” não vende.

Imaginando um cenário mais idealista, a Corner se propôs a estabelecer uma relação direta com seus leitores. Após uma campanha de crowdfunding exitosa, a Corner #2 pôde ser impressa. Um sabor especial, mais especial até do que a primeira edição.

O futebol argentino mereceu atenção cuidadosa nesta edição. A partir do personagem de capa, Juan Pablo Sorin, buscou-se entender por que o Argentinos Juniors não forma mais jogadores como já fez um dia. Ali surgiram Maradona, Redondo, Sorin, Riquelme, Cambiasso etc.

Cristina Kirchner e Mauricio Macri protagonizaram capítulos da história do futebol argentino. A ex-presidenta adquiriu os direitos de transmissão, deixando a principal forma de financiamento do esporte a cargo do estado. Macri reergueu o Boca Juniors e após chefiar o governo da capital argentina por oito anos, substituiu Cristina na presidência do país. Política e futebol sempre se misturam, por quê separá-los?

Uma leitura cine-documentada do futebol por Federico Peretti — entrevistado — faz refletir sobre o que é o verdadeiro futebol. El Otro Fútbol mostra o futebol que não se vê na Argentina, escondido do Ushuaia até a fronteira com a Bolívia, de Buenos Aires até a Cordilheira dos Andes. O filme virou série no Brasil e Peretti dirigiu O Outro Futebol, passando pelo sul do pais, interior do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Amapá ató o Amazonas.

A relação tradicionalmente estabelecida entre futebol e rádio pode estar com os dias contados. José Carlos Araújo falou de sua trajetória e deu seus palpites sobre o futuro da radiotransmissão. Esse é o papel da Corner em tempos de Snapchat, em que o conteúdo gerado é descartado. Áqui é ao contrário. É necessário dar uma pausa nesse movimento acelerado, ler e promover reflexões infinitas, sempre a partir do futebol.

A Corner vai seguir adiante nesse mesmo caminho e sem anúncios. Alguém se opõe?

Leia também:

Jornalista, publicitário e fotógrafo. Estudou comunicação social na Universidad Nacional de La Plata. Para Martinho, não existe golaço de falta (nem aquele do Roberto Carlos em 1997 contra a França ou de Petković em 2001 contra o Vasco). Aos 11 anos, deixou o cabelo crescer por causa do Maldini. Boicota o acordo ortográfico.

1 Comment

  1. julianoortiz

    julho 30, 2021

    Não sei a quantas andas o feedback por parte dos leitores e assinantes. O que chega a vocês ou não. Mas, no que depender de mim, continuem EXATAMENTE ASSIM. Mantenham a essência do que deu origem ao corner. E, tal qual meu ódio eterno ao escanteio curto, vida longa à Corner.

    Ou como se diz na Inglaterra:
    I hate short corner. Long life at Corner!

Deixe seu comentário