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Editorial

Quando a Corner surgiu, em 2015, foi feito um dossiê sobre o que estava acontecendo com a ESPN Brasil, fundada por José Trajano, que liderou o jornalismo do canal até 2013. Conversamos com alguns integrantes da emissora àquela época. Era iminente e evidente a guinada que o veículo dava rumo a uma batalha por audiência. Uma “modernização” que atropelava princípios muito claros para quem acompanhava o canal desde o final dos anos 1990 e o início dos 2000. 

Em 2020, em meio à pandemia de Covid-19, a fusão da ESPN com a Fox Sports foi finalmente colocada em curso após a aquisição da Fox por parte da Disney, nos EUA. Em 2022, portanto, só havia um canal com nome e marca originais da ESPN, porém um DNA totalmente diferente, que começou a ser mudado bem antes, quando sequer se falava em fusão. Havia uma briga por audiência e o mercado publicitário é implacável. Números falam mais alto e a concorrência acabou, sem querer, convertendo-se em fusão.

Até o início da fusão, ainda havia uma diferença entre as duas emissoras, mas muito menor do que em 2012, quando a Fox Sports tinha chegado ao Brasil trazendo uma linguagem mais popular, mais massiva. Essa concorrência acabou aproximando uma da outra, em vez de distanciá-las.

Entretanto, nesse meio-tempo, foram surgindo plataformas como o YouTube e o Facebook, que começaram a concorrer com os canais de TV tradicionais. Inclusive, um canal que integrava a lista das operadoras de TV a cabo, o Esporte Interativo, migrou da grade televisiva para uma programação digital. Alguns jornalistas começaram a criar seus próprios canais nessas plataformas, ao mesmo tempo em que “anônimos” se projetavam por produzir conteúdos exclusivamente virtuais.

Sempre atento, o mercado publicitário identificou uma audiência numerosa e muito mais barata nessas plataformas que surgiam como alternativa à programação convencional.

O Desimpedidos foi um desses canais que surgiram despertando o interesse de investidores e transformando jovens comunicadores em influencers com milhões de seguidores, como o Bolívia Zica e o Fred.

Torcedor do Palmeiras, Fred ganhou um brilho próprio, construiu uma carreira solo em paralelo ao Desimpedidos e se converteu num ícone da comunicação dos anos 2010 e 2020. Seu carisma nato e a sua forma de ser atraíram a atenção de milhões e milhões de seguidores. E a Corner conversou com esse fenômeno da comunicação na entrevista de capa desta edição.

Nesse mercado em ebulição e constante transição, jornalistas consagrados precisaram se equilibrar numa corda bamba, fazer TV e também internet, rádio YouTube e colunas em sites, ao mesmo tempo em que escreviam livros, como Mauro Beting, ex-editorialista da Corner, que desta vez é entrevistado na Corner #16.

Torcedor do Palmeiras, Mauro Beting herdou o palestrismo e o jornalismo do pai, Joelmir, e é sobre esse Palmeiras renascido que conquistou a América duas vezes no mesmo ano que a Corner se debruça em sua décima sexta edição.

Mauro Beting vem dos tempos em que futebol era coisa de TV aberta. Tempos em que a Copa do Mundo era transmitida em diferentes canais abertos, como aconteceu até 1998. Naquele ano, o Mundial da França foi transmitido pela Globo e também por outras quatro emissoras: SBT, Record, Manchete e Band, onde Mauro atuou como comentarista.

Esse “enigmático” Mundial ficou marcado para muitos por uma teoria da conspiração que alugou o imaginário das pessoas por bastante tempo, mas isso só foi possível devido à recente relação da Nike com o futebol e, em especial, com a CBF e com o principal jogador brasileiro da época: Ronaldo.

Em 1998, a Nike se mostrou para o mundo vestindo várias seleções, não somente como acontecia quatro anos antes, quando 14 dos 22 jogadores brasileiros calçavam chuteiras da marca estadunidense na Copa do Mundo dos Estados Unidos. Desde então, existe um antes e um depois do marketing no futebol 

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Jornalista, publicitário e fotógrafo. Estudou comunicação social na Universidad Nacional de La Plata. Para Martinho, não existe golaço de falta (nem aquele do Roberto Carlos em 1997 contra a França ou de Petković em 2001 contra o Vasco). Aos 11 anos, deixou o cabelo crescer por causa do Maldini. Boicota o acordo ortográfico.