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Dorados y Calientes

É provável que não haja adjetivo mais utilizado — e desgastado — como sinônimo de latinidade que “caliente”. O estereótipo se constrói em referência à vibração e ao tal poder de sedução atribuídos, sobretudo, aos hispanohablantes. Neste mundo de simplificações, o adjetivo cai como uma luva sobre os mexicanos, apesar de serem eles, curiosamente, os latino-americanos com o território mais isolado em relação aos de seus “irmãos”. É justo ali, mais precisamente onde México e Estados Unidos se encontram, que “caliente” vira também substantivo, e o futebol se desenvolve lado a lado com a contravenção.

O lema de Tijuana — maior e mais populosa cidade do estado mexicano da Baja California, extremo noroeste do país — afirma: “Aquí empieza la pátria”. Todavia, o fato de ser um município fronteiriço cujo limite norte coincide com o da vizinha San Diego, já em território yankee, faz com que a “Esquina do México” seja na verdade a porta de saída para quem deseja fazer a vida na maior potência econômica do planeta. Também por esse motivo, Tijuana sofre tanto com a violência relacionada ao fluxo de migrantes que tentam acessar os Estados Unidos ilegalmente, quanto com o tráfico de drogas que dominou a região.

É nessa realidade caótica que surgiu a mais jovem força da elite do futebol mexicano. No dia 14 de janeiro de 2007, nasceu o Club Tijuana Xoloitzcuintles de Caliente. Nos seis primeiros anos de existência, los Xolos tiveram uma ascensão repentina: no fim de 2011, tornaram-se os primeiros representantes da história de Baja California a figurar na primeira divisão do futebol azteca — a Liga MX —; conquistaram o seu primeiro título mexicano no Torneio Apertura de 2012 e só foram eliminados da Libertadores de 2013 por causa do critério de gol qualificado, depois de dois empates contra o Atlético Mineiro de Ronaldinho, já nas quartas-de-final. O pênalti do colombiano Duvier Riascos — milagrosamente defendido pelo pé esquerdo de São Victor — impediu a vitória e a classificação da equipe comandada pelo técnico argentino Antonio Mohamed no Estádio Independência, a um minuto do fim do jogo. Um crescimento tão rápido e precoce só foi possível graças ao aporte financeiro do fundador e dono da equipe, Jorge Hank Rhon, um magnata com passagem pela política e um pezinho no crime organizado.

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Jornalista graduado pela FACHA. Gaúcho que vive no Rio (mais um). “Goleira” é o conjunto de traves, “gol” é quando a bola entra. Tem uma queda pelo futebol cantado em castelhano e geralmente joga melhor quando ninguém está vendo. Amante de futebol, música, história, cinema, fotografia e apaixonado pelo jornalismo. Do pescoço pra baixo, tudo é canela.

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