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Do Scudetto para Auschwitz

Nem o prestígio de representar o clube dos fascistas italianos salvou Árpád Weisz

No meio dos corpos desnutridos, rasgados pela dor e pelo sofrimento, a humanidade despojou-se para revelar o lado mais cruel e podre de sua existência. Nesse drama diário, cada sombra em forma de sobrevivente foi uma história dura de contar e difícil de ouvir. Poucas, no entanto, ecoaram tanto como o drama vivido por um homem que foi aclamado como um herói justamente por aqueles que depois não tiveram piedade em enviá-lo para seu último destino. Árpád Weisz pereceu ali, em Auschwitz, como milhares de homens, mulheres, crianças e idosos de todos os países por “cometer” o crime de ser judeu. 

Contudo, antes de ser o hebreu Árpád, com a estrela de David no peito, ele foi Weisz, o gênio. O homem que descobriu o talento precoce de Giuseppe Meazza. O homem que elevou o Bologna, o clube mais adepto do movimento fascista, ao status de lenda do Calcio. 

Um filho da escola danubiana na Itália

Quando chegou à Itália, em meados dos anos 1920, Árpád Weisz era o protótipo do futebolista daquela década. Nascido na Hungria e forjado na escola danubiana, tão fundamental para a evolução do jogo no continente, Weisz era contemporâneo de figuras ímpares que ajudaram a definir seu estilo. Tomou parte dos jogos imperiais disputados antes da Primeira Guerra Mundial e, mais tarde, foi um dos grandes protagonistas da liga independente húngara, com quem disputou os Jogos Olímpicos de 1924. A competição, aliás, abriu-lhe as portas de uma liga italiana que crescia a olhos vistos graças ao oportuno interesse do governo de Mussolini em fazer do futebol uma arma de propaganda.

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Jornalista e escritor. Autor dos livros “Noites Europeias”, “Sonhos Dourados” e “Toni Kroos: El Maestro Invisible”, “Sueños de la Euro” e “Johan: a anatomia de um gênio” Futebol e Política têm tudo a ver, basta conectar os pontos. O coração de menino ficou no minuto 93 da final de Barcelona. Estudou comunicação na Universidade do Porto.